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I hate everything, except some things

domingo, 21 de agosto de 2011

A Long-expected Party

Toda vez que começo a escrever um post penso que deveria parar de escrever. Eu nunca consigo expressar aquilo que quero e isso me irrita, porque é algo tão legal ou importante ou, sei lá, perfeito e quando eu começo a escrever estraga tudo. Talvez seja melhor eu manter as coisas só pra mim ao invés de ter que contar tudo para os outros. Mas parece que dividir as coisas com as pessoas fazem elas se tornarem mais especiais ainda, embora sabe Deus se alguém anda lendo isso aqui. Não confio no contador de visitas do blog, ele é louco. Duvido que mais de 5 mil pessoas entraram aqui, isso porque o outro quebrou por volta das 5 mil visitas também... impensável... mas não é esse o ponto. Quando eu escrevo aqui ou no outro blog ou no twitter, na maioria das vezes (não todas), eu estou escrevendo pra mim mesma e não para os outros. Por isso que eu me irrito tanto quando surge algum comentário idiota, a primeira coisa que eu penso é "Mas eu te perguntei alguma coisa?". Claro que qualquer um pode dizer o que quiser, na hora que quiser e eu realmente gosto de comentários, principalmente de pessoas simpáticas que me entendem... mas você pode comentar também, afinal você nunca vai saber se eu te xinguei mesmo. (:
Vejam bem, a culpa não é de vocês, eu só sou muito irritada e se eu leio/ouço alguma coisa, QUALQUER COISA, quando eu estou irritada eu simplesmente perco a linha. Mas nada disso tem a ver com o que eu vim dizer.
Estou relendo O Senhor dos Anéis *-*
Ah, vocês estão cansados de saber o quanto o Tolkien e foda e um gênio e tudo mais, não preciso repetir, mas como ele consegue ser tão perfeito? Ele faz aquilo que eu já disse aqui de entender aquelas coisas que a gente sente mas que nunca consegue expressar. Ele descreve alguma coisa no livro e você simplesmente pensa "É exatamente isso!". Ele é incrível e tão perfeito que me deixa triste.
Bem, o último motivo foi o primeiro capítulo e título do post. Quando ele começa a descrever a festa do Bilbo... GOD! Isso me traz tantas lembranças... e sabe o mais engraçado? Eu já li esse capítulo umas 25 vezes (das 18 vezes de leitura normal e mais 7 de leituras abandonadas, mais ou menos) e embora sempre tenha sentido um sentimento de alguma coisa perdida nunca lembrei realmente o que, só hoje, na 25ª vez. Por isso que eu não entendo a cara de espanto das pessoas quando eu digo que li tal livro mais de 20 vezes, porque cada vez que você lê você encontra uma coisa diferente, que já estava ali, mas você não tinha percebido. Sério, isso é incrível! Eu poderia contar as várias coisas diferentes que encontrei em cada leitura do The Lord, mas ia demorar muito... então voltemos ao motivo de eu ter vindo aqui, né.
Então, quando o Tolkien começa a descrever a festa como uma grande diversidade de entretenimentos eu lembrei, dessa vez, das festas que tinha na minha cidade. Vejam bem, eu morava numa cidade bem pequena e lá costumava ter várias dessas festas e elas eram incríveis. Tinha as festas de Santo Reis (vou escrever exatamente como eu lembro de chamá-las e pouco me importa se está correto ou não), as de Natal e as do aniversário da cidade. Você saia de casa lá pela hora do almoço e ia para o lugar da festa que podia ser qualquer lugar: uma fazenda próxima, a praça, o campo ou mesmo a cidade inteira! Você comia a comida nas barracas, via apresentações e tinha música e brinquedos e muita comida e fogos de artifício. Geralmente a gente recebia visitas, meus tios, meus primos... e era tão divertido, tão legal! E aí eu me lembro de uma outra coisa que sempre me atormentou... quando eu era criança eu não conseguia nem imaginar o motivo, mas atualmente talvez eu tenha algumas ideias. Esses dias, durantes essas festas e toda essa alegria eram os dias mais felizes da minha vida. Eu lembro de pensar que aquilo era a alegria suprema. Lembro inclusive de um dia específico, durante um desfile, em que eu estava parada vendo todas aquelas coisas linda, com dinheiro no bolso pra comprar qualquer badulaque disponível ou qualquer doce diferente (sendo minha cidade tão pequena a gente só tinha acesso a essas coisas nessas ocasiões) e com as pessoas que eu mais gostava do meu lado (meus amigos e primos), minha tia do outro lado da rua com meu tio e os amigos deles. Eu devia ter uns 8 anos, eu acho, e lembro de ter pensado "isso é tão perfeito que eu poderia morrer agora pra ser feliz por toda a eternidade, não quero que isso jamais termine", mas dentro de mim eu tinha consciência de que, por mais inevitável que fosse ficar triste com o fim daquilo, no próximo ano ou na próxima festa aquilo se repetiria e, não se enganem, sempre se repetia.
Nesse momento entram duas observações, uma que diz respeito àquele momento e que é o que ia comentar antes, mas me perdi e outra que diz respeito ao que aconteceu depois.
O que me perturbava nesses momentos de alegria era que, imediatamente depois desse sentimento de felicidade plena, eu sentia uma tristeza profunda e inconsolável. Era ao mesmo tempo um tipo de culpa por me sentir tão feliz quando eu não deveria (eu tenho vários motivos pra achar isso, mas graças a Deus eles não são da sua conta) e também a sensação de que aquilo era um momento único e que no mesmo momento em que eu pensava aquilo, ele já tinha acabado, e não voltaria mais, nunca mais, e não havia nada que eu pudesse fazer, e ele estava perdido pra sempre.
Agora vocês podem imaginar o que eu senti quando li Proust e toda aquela história de memória voluntária e involuntária, né? Okay, isso não tem nada a ver...
A outra observação é que por mais que esses momentos tenham se repetido várias vezes, de formas diferentes, as coisas mudaram depois de um tempo e aí eu fico me perguntando: será que as coisas mudaram mesmo como todo mundo costuma achar (tipo "ah, antigamente era muito melhor por isso e isso"... btw eu nunca acreditei muito nisso e acho idiota quem fica usando esse tipo de comentário pra dizer "veja como eu sou diferente e consciente e vivi numa época melhor que a sua". As coisas mudam e se tornam diferentes, só isso. Não são melhores nem piores de um ponto de vista geral - se é que isso existe - além do seu) ou foi só eu que mudei? Óbvio que vocês já sabem a minha opinião. E tudo isso é tão triste, não é?
Outra coisa que eu sempre penso é por que eu estava pensando nisso aos 8 anos de idade? Eu sei que eu tive uma infância dificultosa, mas será que foi o suficiente pra me fazer completamente lesada desde pequena? Depois que eu fui morar com a minha tia (aos 4 anos) eu tive uma infância bem normal: brinquei muito, me machuquei, corri, cantei, nadei em rios, subi em árvores (morar na fazenda na infância foi a melhor coisa da minha vida), andei em tudo quanto é tipo de animal (uma vez tentei montar um bezerro e quase perdi a mão), li, contei e ouvi histórias... mas por dentro - e eu ainda me recuso a acreditar que os acontecimentos anteriores tenham sido os únicos motivos para isso - eu era... eu. O que eu quero dizer com isso é que eu estava completamente perdida e bagunçada. Eu pensava em coisas que uma criança jamais deveria pensar, eu pensava em coisas e tinha medo de coisas que ninguém no mundo merece ter. Eu me preocupava com coisas que eu não deveria ter que me preocupar nunca e pensava em coisas que nenhum ser humano deveria ter que pensar quanto mais uma criança. Por que? Talvez se eu tiver a resposta pra essa pergunta, talvez, um dia, eu consiga ser menos atormentada.

2 comentários:

  1. Esse seu blog deveria se chamar "Divagando sobre a minha vida" HAHA

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  2. Ei, obrigada por comentar!
    Não, não acho que o blog deveria chamar qualquer outra coisa... é um blog pessoal por isso é normal que eu fale de mim ou de qualquer outra coisa... Se eu fosse mudar o título dele toda vez que eu mudasse de 'foco' eu estaria ferrada! (:

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