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I hate everything, except some things

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

11 ANOS DE BLOG!!!

Gente, finalmente um aniversário que consigo escrever aqui!
Esse blog é uma zona, é verdade. Mas não deixa de ser interessante minhas mudanças de humor, objetivos, certezas, etc, ao longo desses 11 anos. Imagino que deveria ter vergonha de algumas coisas, mas não tenho. Vc pode entrar aqui e ver as merdas que andavam pela minha cabeça em tempos variados e isso é muito mágico. Pelo menos pra mim. Claro que ninguém mais vai querer saber o que eu estava pensando dia 09/12/2009. Mas eu gosto de lembrar. No entanto, ver o processo cíclico da minha decadência é um pouco perturbador, mas é o que tá tendo, né?! Mas ver que sempre volto ao mesmo ponto negativo, piorando a cada vez, não me dá muita esperança de futuro.
Gosto de lembrar também que o Liverpool ganhou a Premier League. Por que to dizendo isso? Porque é verdade.
Em 2009 eu achava que o mundo estava ruim, claro, mas gente! Temos realmente que dar valor ao que temos porque de uma hora pra outra pode ir tudo pro espaço. Menos vc. A menos que vc seja um astronauta... eu não sou.
Repetição é algo sempre ruim? Ou a repetição de uma coisa boa cansa do mesmo modo que uma coisa ruim? Quais as chances de tudo na nossa vida estar conectado? Quantas coincidências são possíveis antes de ficar esquisito e um pouco assustador?
Bem, feliz onze aninhos, meu blog lindo!!! “Mas Mirane, ninguém mais lê blog”. Isso não é problema meu, vou continuar escrevendo mesmo assim.
Ah! E num fiz promoção pq ninguém participa e aí eu fico triste.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

"Nothing is ever really lost to us as long as we remember it" *

Eu já fiz um post parecido com esse. Novidade. Mas é que toda vez, TODA VEZ, que leio The Lord as andanças dos hobbits no começo me lembram minha infância. Sim, minha vida foi um desastre atrás do outro, mas também teve muita coisa boa. E coisas ruins.
Tinha pensado em escrever um texto sobre minhas caminhadas pelos matos da vida, que até hoje me trazem uma sensação de paz, mas aí relembrando isso me lembrei de muito mais coisa e quero falar sobre tudo. Mas é muita coisa e eu ando meio incoerente esses dias, então vou simplesmente enumerar lembranças, pulando as piores partes, óbvio, porque ninguém merece. Ordem mais ou menos cronológica.
  • tomar vacina no postinho com a minha vó;
  • tela quente passando na tv da casa da minha vó;
  • eu vestindo uma camiseta enorme da minha mãe;
  • minha mãe grávida;
  • eu e a Paula rodando o mundo na casa da minha vó com as motocas, logo de manhãzinha, quando eles iam visitar a gente;
  • os vizinhos;
  • eu indo morar na fazenda com meus tios;
  • jogo da seleção passando na tv;
  • a casa da fazenda;
  • o pé de manga na entrada;
  • a casinha do poço;
  • o girau;
  • os periquitos;
  • Snoop;
  • ir "do outro lado";
  • brincar nas taperas;
  • ler a coleção do Cachorrinho Samba inteira no pé de mixirica;
  • escrever "Quico" (A montanha encantada), meu primeiro crush ficcional, na madeira da minha cama;
  • meu amor pelo ursinho Ted;
  • ir no Seu Jão pegar poncã;
  • andar pelos matos e pastos;
  • pescar na represa;
  • nadar na represa;
  • as cobras;
  • Veinho matando a sucuri gigante com a foice;
  • Seu Donizete matando a jararacuçu dourada e colocando ela em exposição no pasto;
  • a cascavel no alpendre;
  • o pai da Denize me chamando de "Mirage"
  • o bambuzal;
  • aquela folhinha que eu arrancava do bambu e comia;
  • a horta;
  • a porteira;
  • eu pegando flor do pé e passando aquele "leite" na boca porque era meu batom;
  • eu comendo tudo direto do pé;
  • buscar carne no barracão;
  • sacos de coquinho;
  • o banheiro no meio do quintal, que era um buraco no chão;
  • andando de bicicleta no quintal;
  • aquela grama verdinha que tinha entre a casa e a casinha do poço, que eu amava;
  • as bonecas do demonho que a Paula tinha no quarto dela;
  • os bonecos do fofão;
  • eu esquecendo o Blaublau no para-choque do carro lá fora;
  • eu perdendo o Blaublau embaixo da roupa que foi recolhida do varal e morrendo de chorar;
  • quando a gente ia na vila e eu comprava sunday de morango no seu Horácio, mas não tomava tudo porque tinha que levar pro Blaublau;
  • aí ele enchia de formigas;
  • minha tia fazendo bolo de milho e colocando em cima do freezer porque eu era uma draga e queria comer tudo, aí eu não conseguia ver o bolo, mas minha mãozinha ia pegando mesmo assim, até que fui pegar mais um pedaço e tinha comido tudo;
  • minha tia fazendo batida de abacate e eu querendo mais e minha tia perdendo a paciência e fazendo um liquidificador cheio só pra mim e eu tinha que beber tudo. eu bebi e queria mais;
  • como eu era desnutrida?
  • o dia que subimos no pé de goiaba e ele caiu e todo mundo na "colonha" fazendo doce de goiaba;
  • a Dalva tirando piolho da minha cabeça o dia todo no alpendre;
  • a Paula e a Dalva me ensinando a escrever;
  • minha primeira redação, sobre uma vaca;
  • ir pra escola na perua;
  • o casamento da Dalva no barracão;
  • quando o tio Divaldo ia pra lá e a gente colocava a mesa embaixo das árvores;
  • eu, a Jéssica e o Jefferson descendo feito doidos os morrinhos;
  • o pote de bolacha de nata;
  • "Little Anne";
  • a gente tudo na sala e minha tia contando histórias;
  • os pensionistas;
  • o dia que ganhei um pianinho de presente e tava toda metida, colocando ele na cabeça dentro do carro pra todo mundo ver;
  • a jiboia no pé de goiaba "no meio do caminho"; 
  • eu indo dormir na cama da minha tia;
  • quando a gente ia nas festas em outras fazendas e eu brincava feito uma louca e depois dormia no colo da minha tia;
  • quando era normal chegar notícia que fulana tinha "fugido";
  • ir pra vila na carroceria do caminhão;
  • pegar o dicionário de inglês e ficar procurando palavra sendo a minha primeira "trator";
  • Vamp;
  • Os trapalhões;
  • brincar no meio dos pés de mandioca fingindo que era floresta,
  • subir no pé de nhambu e furar o olho;
  • Collor;
  • ficar conversando com o inspetor no recreio porque mais ninguém na primeira séria queria falar sobre futebol comigo;
  • o dia que dissociei na escola (ninguém sabia o que era isso na época, nem eu) e chorei feito uma condenada porque achava que minha tia ia morrer (mas não contei pra ninguém porque tava chorando);
  • chamada oral de Geografia;
  • os professores querendo me mandar pra quarta série quando tava na primeira porque ficava atrapalhando os outros alunos e nunca, nunca, calava a boca;
  • Seu Jair;
  • Pedrina;
  • Profa. Eliana;
  • Seu Júlio;
  • tabelinha do banheiro;
  • João Santana;
  • todos os meus amigos de escola e eram MUITOS (muitos deles na minha vida até hoje);
  • Luiz Fernando nascendo;
  • Luiz Fernando andando pela primeira vez (comigo) perto do pé de manga;
  • meu pesadelo em que estava presa no pé de manga e monstros vinham me pegar;
  • o dia que coloquei detergente no café do Neguinho (e apanhei);
  • mudar pra vila;
  • colocar roupas velhas da tia e ficar cantando Chitãozinho e Xororó com o Luiz Fernando;
  • o medo que eu tinha daquele buraco de água na oficina;
  • quebrar o pulso porque corri pra escola;
  • tirar o gesso antes da hora porque tinha festa;
  • Caio nascendo;
  • brincar de restaurante com a Carol;
  • Jefferson me ensinando a comer pão amassado;
  • as festas de aniversário da cidade;
  • as festas de Reis;
  • ir pra praça e ficar virando estrela;
  • ir na venda pra minha tia e ir virando estrela o caminho todo;
  • o papagaio do demonho da Keila e do Cleiton que me atacava na rua;
  • a gente jogando futebol;
  • eu apaixonada pelo Ronaldo;
  • as brigas entre palmeirenses e corinthianos na cidade;
  • os desfiles do gavião do Seu Osvaldo;
  • eu apaixonada pelo Roberto Carlos (jogador);
  • rolar no monte de terra vermelha no terreno em frente de casa;
  • seriguela na Ana;
  • comprar coxa de frango frita no Padrinho Antônio; 
  • ir pra Barbosa;
  • beber leite direto da teta da vaca pra caneca;
  • cajamanga;
  • jaca;
  • jabuticaba;
  • eu montando um bezerro e caindo;
  • todos os primos lá;
  • o dia que fomos pra Barbosa e o tio e a tia estavam num casamento e nós fomos atrás (convite pra quê?) e aí meu tio contando que a fazenda era do Roberto Carlos e eu morrendo;
  • a prainha;
  • ir visitar a vó em Cassilândia;
  • a balsa;
  • uma vez que fomos na casa de alguém no Mato Grosso e passamos em cima de uma cobra enorme;
  • as benzedeiras;
  • eu passando talco na cara pra tirar oleosidade;
  • comícios;
  • merenda da escola;
  • visita do Covas;
  • aulas de teclado com a Eliade (que lembro até hoje);
  • ir pra casa da Deuvania no sítio, morrer de ler turma da mônica e depois ir pra casa da Flávia;
  • entrar em qualquer buraco com água porque, né? o que tinha na cabeça?
  • ir na casa da Lucinéia;
  • casamentos;
  • andar de patins;
  • andar de bicicleta;
  • correr no campo;
  • a rádio da cidade, que a Solange cuidava, e a gente ficava pedindo Sandy e Junior e Só Pra Contrariar;
  • as escadarias da igreja;
  • as formaturas;
  • meu primeiro beijo atrás da igreja;
  • o dia que a Dalva perguntou por que eu não lavei a panela de pressão e eu disse que era porque ela era muito grande e aí ela respondeu "fulano também é grande e você não tem problema pra beijar ele";
  • festivais da canção;
  • encontros de jovens;
  • a primeira vez que teve rivalidade na política na cidade e surgiu um grupo de neo-nazis;
  • festas juninas, em que eu sempre dançava alguma coisa;
  • teatro de A espada era a lei;
  • teatro de Mudança de hábito;
  • TITANIC;
  • Segunda Guerra Mundial;
  • minhas dublagens;
  • Paula indo pra faculdade;
  • mudança para Birigui;
  • primeiro dia de aula e o Corinthians tinha perdido o Paulista pro São Paulo;
  • eu aprendendo a andar de ônibus;
  • eu indo a pé pra escola;
  • trabalhando no escritório;
  • Seu Pedro;
  • JN;
  • brincando de esconde-esconde nos caminhões;
  • medo do fantasma do Hitler;
  • subir no teto do posto e ver o sol se pondo;
  • ir na casa da Elenice e andar a cavalo pelas "florestas";
  • a avenida;
  • cerveja no saquinho pra fingir que era guaraná;
  • Julie;
  • eu fazendo a Julie dormir cantando Britney Spears;
  • Judite;
  • refeitório;
  • Jéssica e Thaila em casa, nós rindo feito loucas, indo ao parque e inventando uma língua;
  • o dia que eu e a Thaila gastamos o dinheiro do ônibus e aí fomos a pé pra casa e, pra cortar caminho, tentando subir no barranco da linha do trem e caindo; 
  • Copa de 98;
  • primeira tentativa de suicídio;
  • BACKSTREET BOYS;
  • segunda tentativa de suicídio;
  • meu pai perguntando se eu estava grávida ou usando drogas pra querer me matar;
  • grupo de jovens;
  • igreja; 
  • teatro;
  • Deise e Ivan;
  • ensaios e shows;
  • curso de teledramaturgia;
  • O SENHOR DOS ANÉIS;
  • Itápolis;

Ok, cansei. Lembrar cansa. Talvez mais outro dia. Saudade de muita coisa... e ainda tem tanta, TANTA coisa.

* L. M. Montgomery

segunda-feira, 20 de abril de 2020

MAMA

Okay, peoples! Hora de post considerado polêmico por algumas pessoas e que eu falho miseravelmente em entender o porquê.
Nossa, nem sei como começar. Bom, então... quero dizer que esse post teve origem devido a uma pessoa em particular que vem enchendo meu saco com isso por uns dois anos já. Fora a cobrança social, mas com isso eu não ligo 99% do tempo.
Vamos lá.
Sim, quando eu era criança e adolescente, eu sonhava em ser mãe, em ficar grávida. Mas isso mudou. E, não, não mudou por falta de oportunidade, sua linguaruda. Eu realmente, do fundo do meu coração, prefiro morrer a ter um filho. Bom, mas eu prefiro morrer a qualquer coisa então isso não conta muito... mas o caso é... eu prefiro, hmm... ver o Palmeiras campeão do que ter um filho? Sim, com certeza. Até o United. Quero dizer, eu tenho que ver de qualquer jeito, né... pelo menos vejo sem ter uma cria. Mas, aqui, cabe alguns esclarecimentos.
Gente, de maneira nenhuma quero desrespeitar as mães ou as crianças. Sinceramente, acho lindo uma pessoa estar disposta a mudar a vida dela pra acomodar uma pessoinha. Ou mesmo se engravidou por acidente, mudar tudo pra essa chegada inesperada. Não tenho nada além de respeito e admiração. Mas, e isso vale só pra uma meia dúzia, para de ser um pau no cu!
Não vem na minha cara romantizar sua gravidez por acidente porque eu e todo mundo sabe muito bem que você preferia estar biscateando por aí. E não tem nada de errado nisso. Biscateia mesmo! E, veja só, você pode biscatear depois de ter filho também! Mas aí vir com conversinha de "ai, foi a melhor coisa que me aconteceu" EU DUVIDO. DUVIDOOOO. Claro, você se sente na obrigação de falar isso, né... e que bom que, daqui há uns anos, quando seu filho/filha estiver grande e ler todos os seus posts do quanto ele/ela é a melhor coisa da sua vida, isso vai fazer dele/dela uma pessoa amada e feliz. E isso é maravilhoso, mas não vem diminuir a vida dos outros só porque você deu cria e os outros não??? Bom pra você, sabe... YAY! Mas você não é a última bolachinha do pacote só porque pariu.
Primeiro, nem vou entrar na discussão de "maternidade é um conceito que foi socialmente criado e não um sentimento inerente ao ser humano". Acredite no que você quiser. Mas chega a ser desrespeitoso com quem adota, por exemplo. E daí que a criança não saiu da barriga da pessoa. É menos filho por causa disso? A mulher é menos mulher por não ter parido ou por não querer parir? Sério? Eu me considero muito mais humana que minha mãe. Ela pariu duas crias e largou no mundo. Pra quê? Eu pelo menos não estou jogando em cima de ninguém o fardo de viver.
Agora, claro, que eu não devo explicação nenhuma da minha vida pra ninguém, mas eu gosto de escrever e hoje estou entediada, então vou contar pra vocês porque mudei de ideia.
Um dos primeiros motivos foi o filme "Um grande garoto" (About a Boy). Assistam, é muito bom. Não vou dar spoilers, mas, olha, foi um choque assistir aquele filme, porque até ali eu queria ter filhos. Mas eu percebi, com aquele filme, que seria de um egoísmo absurdo de minha parte ter um filho com os problemas mentais que eu tenho. A maioria de vocês sabe do que estou falando. Eu não tenho condições psicológicas para ter uma criança. Sim, no filme, tudo acaba bem. Mas aquilo é ficção, não é vida real. Eu sei como eu sou, eu sei dos meus problemas e eu sei que a chance de qualquer melhora é mínima porque eu estou em tratamento desde os 15 anos. Tenho quase 36 agora e... oh boi... eu só piorei. Já conheci pessoas com depressão que me falaram que ter um filho ajuda e que "mudou a minha vida". Mas, 1. eu não tenho só depressão e 2. eu não quero ter um filho pra me curar??? Que diabo de mãe eu seria se resolvesse ter um filho só pra me sentir melhor? Voltarei nesse ponto.
O caso é que, quando eu queria ter filho, eu queria ter porque eu queria ser a melhor mãe do mundo. Eu achava que quando eu crescesse eu teria um emprego lindo e uma casa e um marido e então eu poderia dar tudo para minha criança. Ai ai... sim, claro, tudo isso é fruto dessa sociedade machista que espera que nós, mulheres, estejamos aqui pra casar e ter filhos. Meu cu.
Mas, tá. Aí não queria mais ter filho. Mas seeeeempre quis ficar grávida. Tipo, acho a coisa mais linda do universo. Aquele barrigão lindo e... sei lá, mulher grávida é uma coisa maravilhosa. Então por um tempo eu realmente considerei engravidar e depois dar o bebê pra adoção. Mas eu JAMAIS conseguiria fazer isso, eu sei. Se tivesse acontecido de eu ficar grávida, eu ia tentar fazer o meu melhor pra ser uma boa mãe. Graças a Deus não aconteceu.
Aí eu fui crescendo mais, quer dizer, ficando mais velha... parei de crescer faz tempo... e aí comecei a pensar "quem, em sã consciência, decide trazer um ser vivo pra esse mundo???". Tipo, olhe em volta??? olha esse hospício que a gente vive... hoje mais ainda... sério que você acha uma boa ideia trazer um ser humano pro meio disso? Ainda penso isso, mas tenho noção de que esse é um pensamento individual pessimista marcado pelas minhas experiências ruins. Mas volta e meia penso "pra que vc quer ter um filho? status? por que apesar de todo o seu discurso feminista vc também acha que o papel da mulher na sociedade é procriar?" Sei lá... se acontece e vc decide ter o filho, eu entendo perfeitamente. Mas querer? Tipo, tentar ficar grávida? E trazer um ser humano pro mundo? Gente, desculpa, eu não entendo. Eu sei, nessa parte aqui eu estou sendo bem chata, mas só estou dizendo o que eu penso. Eu não sei o que aconteceu que me fez ter essa aversão a ser mãe, mas olha... se vc me perguntar do que eu mais tenho medo no mundo, minha resposta é: ficar grávida. E é muito estranho porque eu ainda acho que ficar grávida é lindo e deve ser uma experiência incrível, mas o pensamento de ser responsável por uma vida além da minha me aterroriza mais que a morte. Tipo, eu precisei de anos de tratamento pra conseguir ter um gato??? Agora dois. E eu sei que quem é mãe me odeia por isso, mas eu considero minhas gatas minhas filhas, sim, e eu passo noites sem dormir de preocupação. Às vezes penso "o que eu tinha na cabeça? eu não tenho condição de cuidar de um ser vivo!", mas aí a Mer me olha com aquela carinha fofa dela e meu coração derrete. E eu imagino que deve ser algo assim, talvez mais intenso ou não, com um ser humano, mas eu não consigo imaginar. Ontem a Mer apareceu com a boca machucada e a Fin está com um arranhão nas costas. Eu já não consegui dormir, chorei, rezei, desejei que pudesse morar em um lugar em que elas não saíssem de casa (meu sonho). Mas elas são gatos. Se um dia eu mudar pra um lugar sem acesso à rua elas vão estranhar, mas depois acostumam. A Mer quase nem sai mais. Mas você não pode fazer isso com um ser humano. Você não pode prender seu filho com vc pra sempre por mais que vc queira e é por isso que eu admiro muito muito muito quem escolhe ter um filho. Eu jamais conseguiria existir sabendo que minha cria um dia estaria por aí nesse mundo estúpido.
Então, assim... eu tenho noção de que minha decisão de não ter filhos e de achar egoísmo por parte das pessoas querer ter filhos é uma consequência da vida de merda que eu tive, mas eu entendo seu lado. De algum jeito eu realmente entendo. Por exemplo, uma professora que trabalha com o Fer quer muito ter filhos e ela engravidou e perdeu o bebê. Nossa, quando o Fer me contou, e até agora, meu coração dói. Deve ser uma das piores coisas do mundo porque eu já tive muito medo disso. Antes, quando queria ter filhos, tinha pesadelos de que não podia. Minhas histórias de quando eu tinha 11, 12 anos, eram de mulheres que queriam ser mãe e não podiam. Meu maior medo era que quando eu finalmente tivesse um filho e fosse feliz e não quisesse mais morrer, então eu morreria. Aquela novela da Globo lá, da Betina, que morreu no parto, me traumatizou. Mas tudo isso mudou. Infelizmente ou não, eu mudei e agora eu não tenho a mínima vontade de ter filhos. Na verdade tenho medo. Mas isso não quer dizer que não goste de crianças. Amo meus sobrinhos e sobrinhos-netos (sim, sou tia-avó). E tenho uma admiração enorme por você que por livre e espontânea vontade decidiu criar uma vida, mesmo que eu não entenda o sentimento. Ou você que ficou grávida por acidente e decidiu ter o filho. Vocês são muito fodas e eu desejo do fundo do meu coração toda a felicidade do mundo pra você e seus filhos.
Mas...
Então... não me venha dar uma de abençoada e única pessoa realizada do mundo porque você pariu. Sim, eu tenho certeza que deve ser uma experiência mágica e única. Mas sabe o que também é? Ir ao Anfield ver o Liverpool jogar. Ir ao Wolvercote Cemetery ver o túmulo do Tolkien e sentar no banquinho verde. Ler O senhor dos anéis. Defender uma tese de doutorado. Eu não sou nem um pouco melhor que você porque tive experiências diferentes das suas. O que quer dizer que ter parido uma cria não te faz melhor que eu ou qualquer outra pessoa no mundo, seja por escolha ou não. E quando você começar a falar merda no meu facebook de que "mulher que não tem filho não sabe o que está perdendo" eu vou ligar o meu botãozinho da maldade e mandar vc tomar no cu e cuidar da sua vidinha enquanto eu durmo até às 17h sem nenhum compromisso ou obrigação. Claro, eu sou inútil, mas livre, leve e solta, meu amor, e não tem uma gota de arrependimento aqui. Enquanto vc tá aí trocando fralda suja eu to aqui sendo linda, pintando meu cabelo de rosa e assistindo meu time fazer 4-0 no Barcelona. E, na minha opinião, minha vida é muito melhor que a sua, mas eu não fico no facebook te falando isso, né?
Ok, eu fui bem chata aí no fim, mas meu DEUS como irrita gente que... gente. 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

You'll Never Walk Alone

O aniversário de dez anos do blog foi em dezembro e eu não consegui vir escrever alguma besteira de comemoração. E eu tenho um milhão de coisas pra escrever, mas hoje, eu vou falar de outra coisa, que na verdade não chega a ser outra, mas definitivamente não é o que você estava esperando.
Quem me acompanha há alguns anos sabe do meu amor por futebol e pelos meus dois times, Corinthians e Liverpool. Quanto ao Corinthians não tive muito o que reclamar nos últimos anos: Brasileirão, Libertadores, Mundial, Brasileirão, Brasileirão... sem contar os Paulistinhas e supercopas.
Mas aí tinha o Liverpool, o gigante esquecido, o maior campeão inglês, o inglês com mais Champions, um dos maiores clubes do mundo. O gigante que tentava resgatar as glórias das décadas de 70 e 80, que, pra mim, eram só histórias e lembranças. Passar tardes assistindo a final da Champions de 77, 78, 81 e até a de 2005, mais próxima, mais heroica, que dava uma certa esperança. Mas a realidade era bem difícil. 
Tropeços após tropeços... vem Roy Hodgson, não acontece nada. Time horrível, Liverpool na segunda parte da tabela.
Aí vem o Rei: King Kenny. As coisas pareciam melhorar, boas contratações, título da Copa da Liga... mas no campeonato era sorte estar entre os oito primeiros. Na verdade esse era o objetivo: SER OITAVO. Isso me incomodava, mas era o que dava pra fazer, né. Aí perdemos a Copa da Inglaterra pro Chelsea e bye bye King Kenny!
A briga começou, pra mim, antes de eu olhar para aquela cara odiosa. COMO ASSIM a FSG achava que o caminho para melhora incluía o técnico do Swansea? Mas eu dei várias chances a ele, várias e ele só fodia o time. É claro que estou falando de Brendan Rodgers. O cara que colocava um time apático em campo e dizia ter sido "outstanding", o cara que teve a coragem de dizer (em um jogo que perdemos por 3-0, com todos os gols no primeiro tempo) que pelo menos a gente teve um "clean sheet" no segundo tempo. O cara que começava a temporada dizendo que o objetivo do time era se classificar para a Champions League e não conseguia.
Mas aí, um ano, ele conseguiu classificar o Liverpool pra Champions League. E o que ele fez? Poupava jogadores na Champions para jogar o campeonato, cujo objetivo era... se classificar pra Champions League.
Minhas memórias do facebook não me deixam esquecer toda a raiva, todo o ódio que eu sentia por esse traste. Nem vou mencionar as questões particulares e como ele se desfez de todos que significavam alguma coisa para o clube. Ele é treinador de time pequeno e o Liverpool NÃO É um time pequeno, independente da fase. Como diria nosso grande Shankly, e que se aplicava perfeitamente ao tempo que passamos com o Brendan Rodgers "Aim for the sky and you'll reach the ceiling. Aim for the ceiling and you'll stay on the floor." Era a gente, mirando o telhado e ficando no chão, num ciclo sem sentido e eu chorei e chorei porque eu achava que aquele era o fim. Estávamos condenados à mediocridade e viveríamos apenas de lembranças.
E então veio o Klopp. Chorei de novo, dessa vez de alegria. Um técnico de verdade, que entende o clube que ele está assumindo. E ah... como entende... Não falo isso porque ele já chegou mudando a mentalidade do clube ou porque levou a gente a duas finais logo de cara. Ele entende porque provavelmente o que ele falou primeiro foi "o objetivo é ganhar".
No campeonato? Ganhar.
Na Champions? Ganhar.
Nas Copas? Ganhar.
E foi assim que ele começou. Teve problemas, lógico, mas agora tudo tinha mudado. O objetivo não era ser "um dos" mas sim "O".
E nós fomos.
O campeão da Champions.
O campeão da Supercopa Europeia.
O campeão do Mundo.
E no campeonato? Que é, neste momento, o título mais importante para nós?
Líder. 16 pontos de vantagem. Com um jogo a menos.
Hoje, o Liverpool é, de novo, considerado o melhor time do mundo e não só porque a gente ganhou o Mundial. E estou vivendo isso. Eu não tenho palavras. Todas as vezes que o povinho da ESPN tem que dar mais uma boa notícia do Liverpool eu lembro da satisfação na cara deles de quando éramos uma piada na Inglaterra. Hoje, eles têm que engolir. O Liverpool voltou ao seu lugar de direito e tenho certeza de que não pretende sair tão cedo.