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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Rilke

Você que nunca chegou
em meus braços. Amado, que estava perdido
desde o começo.
Eu nem mesmo sei que canções
te agradariam. Eu já desisti de tentar
te reconhecer na onda agitada
do próximo momento. Todas as incomensuráveis
imagens em mim - a paisagem distante e profundamente sentida,
cidades, torres e pontes, e desvios inesperados
no caminho,
e aquelas terras poderosas que certa vez estiveram
pulsando com a vida dos deuses -
tudo se eleva dentro de mim para significar
você, que sempre me ilude.

Você, Amado, que é todos
os jardins que eu sempre contemplei,
ansiando uma janela aberta
numa casa de campo - e você quase
saiu, pensativo, para me encontrar.
Ruas em que eu ia parar por acaso, -
você havia acabado de descer e desaparecer.
E às vezes, numa loja, os espelhos
ainda estavam vertiginosos com sua presença e, sobressaltados,
devolveram-me a minha imagem demasiado repentina. Quem sabe?
Talvez o mesmo pássaro ecoou em nós dois
ontem, separados, à noite.

Rainer Maria Rilke

2 comentários:

  1. o meu poema preferido. Sinto um aconchego ao ler como se o destino estivesse bem aqui, todos os dias. Rilke foi um dos maiores poetas já existentes, os clássicos existem porque ultrapassam o tempo em que foram lançados e atingem sempre o futuro. Sempre.

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