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I hate everything, except some things

quinta-feira, 26 de maio de 2011

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Anotações de um fatídico dia de abril ou impressões individuais ficcionalmente modificadas

Chovia. Chovia e fazia sol. Ela estava na sala de aula ouvindo um falatório interminável sobre algum assunto que ela tinha certeza que não tinha nada a ver com a aula. Mas todos fazem isso no final das contas. Falar sobre qualquer outra coisa que se queira, menos aquilo que é necessário. Mas no fim nada é realmente necessário.
Ela continuava na sala. Ela tinha que continuar. Ouvindo todo o falatório que para ela não significava nada além da exposição de toda a desinteressância do mundo. Mas ela escrevia. E ouvia. Fazia tudo ao mesmo tempo. Pensava também. Pensava no que escrever. Pensava na chuva. Pensava em quanto absurdo ouvira, ouvia e estava ouvindo. Ouvia o trovão também. E ouvia palavras como "absoluto" e "livro do mundo" e "labirinto". E pensava novamente. Pensava em como essas palavras poderiam se encaixar naquilo que estava escrevendo. Ela parou e ouviu novamente. O mundo estava realmente e irremediavelmente perdido. Outro trovão. Donner em alemão. Ela havia aprendido hoje. Era a única coisa que valia a pena na sua vida ultimamente. As palavras são excessivas. Ouvira e lera isso uma vez e agora novamente.
O professor fala agora. Ela para de escrever e ouve. Não porque ele é o professor, mas porque seu falatório faz sentido, no sentido em que 'sentido' é aquilo que acreditamos entender daquilo que está sendo dito.
Continua chovendo.
Redes sem saídas. O professor fala de algo que significa muito mais, mas ele não sabe.
Melancolia. Não há nada que se possa dizer sobre isso.
Ela queria estar em outro lugar. Ela queria não estar.
Mas há palavras que devem ser retomadas para que seu texto faça sentido. Novamente o sentido. Estamos sempre em busca de um sentido. Ou de um livro. Ou de um jogo.
Mas voltemos às palavras: conceito.
Há mais palavras: crítica
E outras: arte
Romantismo. Isso certamente há.
Trovão novamente
Alemão. Novamente. E novamente novamente.
E agora há histórias de meias e magia. Tudo pensamento
A matéria só existe como forma.
Mas tudo isso, lembra ela, vai contra aquilo que seu pai ensinou.
Não se deve quebrar os brinquedos para descobrir como eles funcionam. Há que se brincar com eles. A menos que não se goste do brinquedo. Pois por mais que se monte novamente o brinquedo, tamanho conhecimento do brinquedo é punitivo. O brinquedo perde a graça, o sentido, o seu motivo de ser e existir. Matamos o brinquedo. E ficamos um pouco menos felizes e o mundo fica um pouco menos brilhante. Com um brinquedo a menos no mundo. Uma consciência a mais. Por isso o mundo não vale mais a pena. Não há mais brinquedos. Ninguém mais quer brincar. Todos querem desmontar e entender.
Não há verdade!
Só há o que você acredita.
Ela acredita em várias coisas. E acredita que acreditar é o caminho.
Caminho. Caminho. Caminho.
Não há caminho.
O que há, afinal?
O crítico.
Não, o crítico não é o escritor. Ele é a criança.
Não a que brinca. Não a que quebra. Mas é a criança para quem o principal brinquedo é feito, ou melhor, a verdadeira brincadeira.
Há o brinquedo. Há a criança que brinca. Há a criança que quebra. A criança que não quer brincar. A criança que desmonta e joga fora. A criança que desmonta e monta novamente. A criança que não brinca mais e a criança que continua brincando.
O crítico não é nenhuma dessas crianças. O crítico é a criança que fica olhando para o brinquedo e pensando o que o brinquedo está fazendo. Por que ele existe. Se ele é legal. Mas nada disso importa.
Importa brincar. Ou não.
Droga! Ela estava pensando em todo o falatório. Estavam tentando quebrar mais um brinquedo.
Que ninguém ouse quebrar um de seus brinquedos. Nem ela mesma.
Obviedades.
A chuva parou. Os trovões também.
O romance.
Ambiguidades.
Pensando...
Poesia. Não.
Sejamos claros em relação a isso. As palavras que nos perdoem.
Poesia é poesia. Poesia não é tudo.
Tudo tem seu valor. Por mais baixo que seja tal valor, ele ainda existe. Ele. Palavras novamente. Tudo são palavras.
Se tiramos as palavras, o que sobra?
Não conseguimos evitar as perguntas. Mas por que evitar qualquer coisa?
Não evitamos. Não evitemos nada.
Ela está cansada de escrever. A aula continua e continuará indeterminadamente.
Nesse exercício de interação há a ilusão de comprometimento. Tudo por causa das palavras.
Tudo é por causa das palavras.
Ela não odeia as pessoas. Odeia as palavras proferidas pelas pessoas. Poucas ações incomodam. As palavras incomodam muito mais que todos os elefantes.
Os elefantes são simpáticos. Os rinocerontes também. E os unicórnios e o cavalos e os ornitorrincos.
O ornitorrinco não está aqui por palavra que é, mas por sua ação de ser ornitorrinco. Todos eles.
A arte continua sendo feita. Ela está aqui?
Depende. Depende de tantas coisas.
Coisas e palavras.
Não.
Ela quer parar de escrever, mas não consegue. Não permitem.
Se inicia o falatório sem sentido novamente.
Inércia.
Lemos o que ela escreveu.
Brinquedo engraçado seria esse na mão de qualquer criança.
E por que há que haver estranhamento todo o tempo?
Todo esse começo está errado.
Não pode haver estranhamento. Este é o acordo desde o início.
Mas se isso é somente para ela (e esperamos que seja) não há estranhamento.
Ela não resistirá. Olhará o tempo.
Chocolate. Ela não gosta. Mas há.
Se é o que há, aceitemos. Mas não agora.
Mas jamais efetivamente se realizará. Nunca.
Sonho é uma palavra de dois significados. Deve haver mais. Mas dois importam mais agora.
Rostos, rostos, rostos...
E quando o sonho só tem valor enquanto sonho?
Sonho realizado é brinquedo quebrado. Vale o mesmo princípio? Para ela sim. Ou seria não?
Ela quebrou um sonho uma vez. Foi legal. Porque ela continua brincando com os brinquedos quebrados. Remontados ou não.
O brinquedo sempre tem graça depois.
Mas ela tem medo de quebrar alguns sonhos. E sabe que, ou imagina, que não conseguirá se divertir tanto com os sonhos quebrados. Mas às vezes quer tanto quebrar alguns sonhos. Já tentou. Não conseguiu. Sonhos são bem mais difíceis de quebrar.
Sonho é brinquedo danado.
Tragédia. Ótima palavra.
Ironia é desconhecida.
Precisaremos do Príncipe.
Há dois. Ou mais.
E mais de um reconhecimento.
Reconhecimento é maior que conhecimento.
Pra que destruir tudo? Pra que?
Deixem tudo em paz!
Palavras e coisas. Odeio as palavras. E a palavra palavra. Ela também.
Deixem as palavras para lá. Vamos nos comunicar por sorrisos e olhares.
Ela está adaptando tudo. Não apagando.
Ela consegue escrever.
O cara não.
Eis mais uma palavra: a narrativa. Eis o que não se quer. Não é? Temos que perguntar a ela.
Mas ela está realmente brava agora.
Não pode porque não tem sentido.
O sentido não importa! Escrevamos romances de cavalaria!
Eis o novo objetivo: o romance dos impossíveis.
Deixemos as reflexões enterradas com os filósofos, que são muito interessantes, ela pensa. Sejamos ingênuos.
Ingênuos também no romance. Onde quisermos.
Sentimento. Quem tem é ingênuo. Ou idiota.
A onda agora é não ter sentimento. Pra ser legal e também feliz.
Ela precisa comer.
E, sim, o enigma é claro para os olhos de quem não se esconde atrás de preconceitos e conhecimentos mínimos adquiridos.
Conhecimentos mínimos que aos olhos de quem se olha como melhor, assumem dois papéis que se desdobram: a cegueira e a enganação, que gera mais preconceitos e julgamentos.
É um ciclo. Um ciclo que uma vez iniciado não se rompe mais.
Ela tenta. Ela tem que parar de tentar. Avisemos a ela: Pare de tentar! Você não quebrará o ciclo jamais. Nem esse nem nenhum outro.
Mas pode continuar escrevendo, que o objetivo dessa escrita não é outro senão nenhum.
Ela escreve e pensa. Pensa que ao escrever não está escrevendo, mas sim servindo às palavras, maldosos seres, que usam as mentes e mãos indefesas.
Todo escritor é um coitado. Não tem escolha.
Ela não é escritora. Não quer ser crítica. Mas as palavras a usam. Ela é a vadia delas.
Não só a palavra escrita. A palavra como realização, seja ela qual for. Mas todos são vadias das palavras. Se submetem a ela todo o tempo.
Ela pensou que a próxima manifestação não mediada pelas palavras que presenciar será a mais percebida e amada.
É por isso que aquele olhar de ontem significou tanto.
É por isso que o futebol é tão perfeito. Não há palavras.
Mas ela está fazendo isso errado.
Se perdeu. Se entregou. Mas não se importa mais.
Nada importa.
É isso! Enumeremos as regras.
1. Nada importa.
2. Nenhum ciclo pode ser rompido.
Mas ela se lembra que algumas palavras podem ser boas. Ou alguma pessoas podem fazer uso das palavras de uma forma boa. Boa é julgamento. De uma forma aproveitável. Tudo é julgamento.
Mas aí está a diferença. Não são as palavras que usam. Elas são usadas. Elas merecem ser usadas. Elas merecem essa instrumentalização de que tanto reclamam.
E como reclamam, as palavras!
Ela quer parar, mas não consegue. E o falatório, com sentido e sem sentido, vai entrando em sua mente, seu pensamento, sua mão, sua caneta. E ela está escrevendo sobre o falatório e por causa do falatório. E o falatório são palavras. Palavras que usam e são usadas para dizerem sobre elas mesmas e suas reclamações.
Mais um ciclo. Regra número 2.
Outro trovão.
Vamos comer?
Ela vai parar agora, mas vocês não irão perceber porque quando ela continuar não haverá espaços e intervenções. Sem estranhamentos, que já há demais.
Ela parou.
Tudo sempre esteve por aí. Vocês é que não percebiam. Não divulguem sua ignorância para o mundo. Ou melhor, façam o que quiserem. O mundo é ignorante.
Na verdade, o que caracteriza o mundo?
Generalizações, que ela odeia, é isso. Tira o sentido (ele de novo!) das coisas e das palavras.
Ela odeia as palavras, mas odeia o que faz mal a elas. Não um mal físico. Um mal espiritual.
Mas vamos comer. Porque as palavras precisam de força para se reproduzirem.
Oh! As palavras fazem sexo na mente dela!
Ela descobriu.
Agora que... não. Não comecemos assim.
Ela comeu.
E ela voltou.
Falatório reiniciado. Mas é o início do fim.
Nenhuma dicotomia é interessante. Ou às vezes até é, mas todos foram condicionados a achar que tudo o que limita é ruim. Nem sempre. Nem todos os limites são ruins. Nem todos os limites são bons. Tudo é assim. Nem tudo é ruim. Nem tudo é bom.
Muitos pensamentos por aqui.
Ela continua, ou melhor, volta a escrever.
Supostamente escreve sobre o falatório. O falatório de palavras e sobre palavras. E também ideias. Mas ideias são feitas de palavras.
Ela continua escrevendo. Será que escreve sobre palavras? E fala sobre escrever?
Quando todo o falatório terminar, muitos outros se seguirão. Ela não quer mais falatório. Não quer mais falar nem ouvir.
Aparentemente Goethe está errado. Mas não julguemos. Ou já que tudo está permitido neste recinto de papel, libertemos os julgamentos, afinal não julgamos por julgar o julgamento algo ruim.
O professor fala sobre coisas que são e coisas palavreadas.
Ah, palavras, vocês não são. Por isso se revoltam contra os seres.
Somos importantes porque trabalhamos com as palavras. As palavras não conseguem, não podem conseguir, não devem ter tamanho poder.
Ela escreve e o professor fala a mesma coisa. De formas diferentes, talvez tópicos diferentes, mas a mesma coisa.
Ou seja, pode-se dizer a mesma coisa dizendo coisas diferentes. No fim, provavelmente, todos dizem a mesma coisa.
Mas o que dizem todos?
Palavras.
Mesmo quando estão disfarçadas.
Mas não! Não coloquemos as palavras em lugares em que elas não estão, pois já estão em muitos lugares.
Sim e não são a mesma coisa: a morte.
A morte é o resumo de tudo.
No fim era o que ela queria dizer o tempo todo?
Ela não diz.
Neutralidade da filosofia. Ela foge disso, mas que confusão!
A filosofia é mais literária que a literatura.
Arte, crítica, filosofia, literatura: todas palavras do falatório, que mesmo ignorado vai penetrando, como um veneno.
Mas ela ouve o que quer e escreve o que quer, embora as palavras observem de longe. Estão prestes a se rebelar contra ela.
Na verdade a rebelião já começou.
Mas ela não se importa. Regra número 1.
Quem não tem senso crítico defende o uso da não criticidade.
Repetir o que já disseram faz parte, afinal tudo já foi dito. E sempre dissemos as mesmas coisas.
Mas tem gente que não encontra o como dizer e então somente repete, repete, repete.
Pare de repetir!
Vá, vamos, palavras! Passem a perna nessas criaturas.
Que elas não repitam o meu modo de dizer aquilo que todos dizem.
Mas ainda não descobrimos o que dizemos.
Limite.
Novamente o limite. Experiência.
Ah, quantos nós! As palavras estão loucas com ela.
Ela enlouqueceu as palavras.
Nenhuma busca. Nenhum objetivo a não ser objetivo nenhum.
Mas objetivo nenhum ainda é um objetivo.
Como não haver objetivo nenhum? Verdadeiramente?
Liberdade.
Danem-se os objetivos. Danem-se todos!
Ela quer parar.
Ela sabe que isso não serve. Servir.
As palavras são terríveis!
Este falatório está terminando, mas outros falatórios virão.
Ela propõe e eu proponho também que esvaziemos todas as palavras de seus significados. Nos rebelemos contra as palavras.
Mas outro dia.
O falatório terminou. As risadas começaram.
Ela vai parar agora e continua depois.
Esvaziemos tudo agora.
Isso não é irônico. Eu não estou treinada.
Ela também não.
Haverá outras rebeliões.
E ela voltou.
Hoje escrever não é tão fácil. O falatório parece mais coerente, embora ainda seja falatório.
Ouvimos um pouco. Escrevemos depois.
Quanta consciência de existência. Isso incomoda.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Para a revista Veja ou Dez razões pelas quais qualquer livro escrito pelo Tolkien é (MUITO) melhor que A Guerra dos Tronos

Bem, tem gente que acha que O Senhor dos Anéis é história pra criança, só posso dizer que lamento tamanho desconhecimento da obra do grande escritor que é o Tolkien.
Também há quem desconsidere o todo do qual essa obra faz parte, o que também é incrivelmente lamentável.
J. R. R. Tolkien foi um excelente professor, linguista, crítico, ensaísta e escritor. Graças a ele tivemos um retorno à Fantasia. Escritores que hoje escrevem sobre Mundos Secundários tão perfeitos e coerentes devem sempre se lembrar que dificilmente isso seria possível sem a preparação de terreno que Tolkien promoveu.
Como escritora, leitora, estudiosa e fã de Fantasia fico muito feliz com tantos escritores bons surgindo no ramo, mas fico extremamente triste com pessoas e meios de comunicação que acham que toda obra que surge tem que ser necessariamente comparada à obra de Tolkien. Ele é sim o pai da Fantasia moderna e seus sucessores provavelmente foram inspirados por toda a sua criação e (minha opinião) nenhum chegou tão longe quanto o Professor de Oxford, muito menos o Sr. George R. R. Martin. Um grande escritor, sem dúvida, mas que nem de longe se aproxima da genialidade de Tolkien.
Confesso que fiquei bastante irritada com a matéria no site da revista Veja (http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/dez-razoes-pelas-quais-a-guerra-dos-tronos-e-muito-melhor-do-que-o-senhor-dos-aneis), cujo título parafraseei neste post, então vamos lá às 10 razões que, para mim, fazem da obra de Tolkien algo muito melhor que a série As crônicas de gelo e fogo:

1. Os personagens transam, escarram, defecam e ficam de ressaca sim, mas Tolkien não achou necessário descrever isso em seus livros já que ele tinha que descrever a criação de um Mundo desde o seu início, assim como todos os acontecimento que nos levam ao final da Terceira Era do Sol.

2. A linha entre bem e mal é muito mais tênue - se é que existe. - Tem certeza que a pessoa que escreveu essa matéria leu a obra do Tolkien? Bem, não parece. Talvez ela não tenha prestado tanta atenção... Às vezes o mal é bem delimitado, assim como o bem, mas nunca vi alguém que realmente tenha lido a obra do professor ter tal opinião... caso se interessem, tenho um artigo publicado sobre o mal no Silmarillion.

3. Martin não abusa das descrições como Tolkien - Eu particularmente acho que isso é questão de gosto. Tem gente que não gosta, mas eu adoro, assim como vários outros leitores. Essa preocupação com as descrições de Tolkien foi bem apreciada, inclusive, pelos produtores e diretores dos filmes, tenho certeza. Mas me impressiona alguém que tenha gostado tanto das descrições de escarros, transas e ressacas implicar com as descrições de paisagens e cidades da Terra-média... realmente questão de gosto.

4. Martin não tem nenhum princípio - Sim, Tolkien tinha. Vários. Mas nada que tenha prejudicado a sua obra. Chegando neste número, na matéria da revista, tive certeza que a pessoa que escreveu tem um conhecimento muito superficial de Tolkien e sua obra. A diferença que talvez seja gritante até aqui é que Tolkien estava preocupado em narrar uma história sobre um Mundo, um povo que teve que lutar e conseguir vitórias e também derrotas através de laços de amizade e coragem. Se não era necessário ninguém nu para que isso acontecesse, Tolkien não tinha porque forçar, não é mesmo?

5. O autor de Crônicas não se ofende se você encontrar alegorias nos livros - Sério que você está usando como critério para decidir se um livro é melhor que outro um gosto particular dos autores? Tolkien realmente não gostava de alegorias. Acreditava que o leitor ter liberdade para enxergar o que quiser era muito melhor do que ter uma leitura direcionada pelo autor, o que quer dizer que ele não "se ofendia" se alguém "encontrasse uma alegoria", mas se ofendia quando diziam que ele tinha escrito um texto alegórico, o que é bem diferente.

6. Ao terminar os capítulos de Crônicas o leitor está sem ar - Bem, mais uma vez algo completamente individual. Eu fiquei completamente sem ar quando li qualquer livro do Tolkien, assim como vários outros livros de vários outros autores. Isso quer dizer que eles são melhores que aqueles que eu ainda tinha ar?

7. Há mais reviravoltas na trama em um livro de Martin do que em todas as obras do Tolkien juntas - Okay... desde quando reviravoltas na trama é sinônimo de qualidade? Como estudiosa do gênero Fantasia, não me lembro de jamais ter lido ou visto tal coisa, assim como em nenhum outro gênero. Bem, talvez no Romance Policial tradicional, mas ainda assim, outro critério bastante duvidoso.

8. O leitor troca de olhos a cada capítulo - Bem, a esta altura eu já perdi toda a esperança de que essa criatura tenha realmente lido o Tolkien. Sério que você acredita que o ponto de vista nas obras do Tolkien é único? Sério?

9. Há personagens para todos os gostos - Pobre Tolkien... tanto trabalho para criar o que criou para que leitores desatentos diminuam seus personagens tão bem trabalhados...

10. As Crônicas de Gelo e Fogo duram mais - Bem, isso é interessante. Em primeiro lugar quero destacar que a autora da matéria trata da obra de Martin como um todo, mas elege apenas O Senhor dos Anéis de Tolkien para suas comparações. Será que ela não conhece a obra de Tolkien como um todo (me referindo aqui somente ao ciclo da Terra-média, ou seja, o que tem ligação com O Senhor dos Anéis)? É o que me parece, já que derrubaria todos os seus argumentos, se é que podem ser considerados como argumentos. Outra coisa: relacionando-se somente a O Senhor dos Anéis, Tolkien deixa bem claro que achava a obra pequena demais (o que eu também acho), mas provavelmente teremos vários leitores que preferem assim.

O que posso concluir com tudo isso é que não vi nenhum argumento válido para tal comparação, que em si já é absurda. Comparar livros diferentes, escritos em épocas diferentes é algo tão sem sentido que eu quase não acreditei quando me contaram, ainda mais com argumentos tão subjetivos e sem sustentação. Me espanta ver uma revista tão conceituada quanto a Veja publicar tal coisa. Talvez, para evitar problemas, a amiga poderia mudar o nome da matéria para "Dez razões pelas quais EU ACHO A Guerra dos Tronos muito melhor que O Senhor dos Anéis."
Minha opinião, lógico.

O que eu posso dizer?

Já disse tudo, tudo que tinha pra falar. Ninguém se importa e não há nada mais que eu possa fazer.
Ai... a solução é tão simples e está tão perto... mas eu sou uma idiota!
Eu me importo com quem não dá a mínima. Na verdade eu me importo, esse é o problema.
Não sei por que to escrevendo.
Tão fácil... tão fácil... ):
Bem. É isso. Quando não se tem o que dizer, cala-se a boca!
Ainda bem que os signos são arbitrários... sorry, Benjamin.

sábado, 7 de maio de 2011

Poor Sméagol

Faz tempo que não escrevo aqui. Ainda bem, porque ultimamente eu só sei reclamar.
Não é bem reclamar, são só pensamentos que não importam pra ninguém e quer saber? Tá começando a cansar bastante isso. Eu achava que o grande problema era o futebol. Não ter ninguém pra falar sobre isso ou ninguém que se importasse. Mas aparentemente eu tenho o dom de ter sempre assuntos que não interessam a ninguém. Absolutamente ninguém.
Ninguém me ouve. Ninguém me entende. Ninguém se importa.
A questão é: por que eu me importo?
Não é porque eu quero. Também não é porque me criaram assim, afinal o que me ensinaram é que o que importa é trabalhar, ter dinheiro pra comer e não fazer coisas erradas (?).
Mas então de onde eu tirei que eu tenho que me importar? Me importar com o mundo, com as pessoas, com a vida, a morte, as ideias, a imaginação, as atitudes?
A pior coisa que existe no mundo é o pensamento. Coisa nociva e sem sentido algum além de te fazer sofrer. Jamais pense. Jamais.
A existência ultimamente anda com um peso maior, um significado muito grande e profundo que eu não consigo e não quero suportar.
Eu estava pensando... eu adorava a época que esse blog era cheio de leitores e tal... mas agora que quase ninguém lê eu o amo mais ainda, pois eu posso dizer tudo o que eu quero sem a preocupação de que as pessoas que lêem irão pensar que eu escrevi tudo isso só pra parecer... não sei (as pessoas tem pensamentos estranhos às vezes e estou dizendo isso a partir de experiências pessoais)... inteligente (?).
Dizer essas coisas não é sinal de inteligência, mas de uma perturbação além do suportável.
Não posso negar que invejo, de certa forma, as pessoas que tiveram uma vida pouco atribulada ou até mesmo feliz e que estão pouco ligando pra tudo e que, por isso, não entendem nada do que quero dizer. Ou até mesmo as pessoas que tiveram uma vida muito difícil, mas ainda conseguem se esquecer de tudo e viver bem. Algumas pessoas pensam que eu sou assim. Não sou. Não sei em que escala de sofrimento as pessoas enquadram minha vida, isso não me importa por dois motivos. Primeiro, as pessoas não sabem nem metade do que eu passei, mesmo as que eu contei muitas coisas. Segundo, não importa o que as outras pessoas acham da minha vida. Eu sei o que as coisas pela qual passei significam pra mim. E é demais, só isso.
A pessoa que mais se aproxima de mim e a que eu mais sinto falta agora não passou nem pela metade do que eu passei e, como eu disse, isso não importa, afinal ela vive em um nível de perturbação próximo ao meu.
Não tenho mais o que dizer. Ou tenho tanto que é muito mais fácil não dizer nada.