Contra todo o meu bom senso estou eu aqui escrevendo no celular. Seja o que Deus quiser.
Esse é um post que já estava no forno há uns dias, desde que terminei Game of Thrones de novo (a série), mas aí hoje uma coisa aparentemente não relacionada me fez pensar nisso de novo e resolvi vir escrever. Mas vamos dividir em duas partes.
PARTE 1
A primeira, que é a que estava no forninho do inferno (minha cabeça), é minha história com Game of Thrones. Vocês sabem que adoro contar minhas peripécias de como trombei com um livro e hoje é dia de GOT.
O ano é 2011 (ou 2010? To confusa, agora... pode ser 2010 - não to indo pesquisar porque tenho medo de sair da página do blog e perder tudo). Eu tinha acabado o mestrado, tava começando o doutorado, o que quer dizer que tava com literatura de fantasia transbordando pelo meu ser. Mas... eu dou muito regaço com algumas coisas e a verdade é que mesmo estudando fantasia minha vida acadêmica inteira, tem MUITA coisa que não li e MUITA coisa que nem tinha ouvido falar. É o caso de GOT em 2011 (tenho quase certeza que é 2010, agora).
Eu honestamente não lembro de ter visto em nenhum dos meus textos base alguém falar de GOT. Se vi, apaguei da mente total. O negócio é que quando saiu a série em 2011 (2010?) eu nunca tinha ouvido falar na vida de GOT. Vergonha minha, eu sei, mas é a verdade (isso vai ser importante na parte 2 deste post). Claro, sendo a fantaseira que eu era, quando vi propaganda da série já pensei "vou assistir". Ok... e lá vamos nós.
Primeiro episódio. Lindo! Amei! Boromir!!! Aí já fui atrás e descobri que tinha livros e fiquei super feliz e comprei o primeiro e era grande, só felicidade. Aí saiu o segundo episódio.
Amigos, não façam maldade com bichinhos perto de mim. Crueldade de qualquer tipo me choca, mas se mexer com bichinho perto de mim, eu morro. Eu não assisto filmes de bichinho. Não interessa se é história feliz, eu não consigo. Rei Leão? Não, obrigada, prefiro assistir O exorcista, sofro menos. Irmão Urso? PELAMORDEDEUS deve ser um dos filmes mais tristes do mundo. Só de ver o bichinho sofrendo, mesmo que dê tudo certo depois, não, não, não, não. De jeito nenhum. Eu nunca assisto um filme que eu sei que tem um animal. Marley e eu? HAHAHA Eu sei que existe, mas nem eu me odeio o suficiente pra me fazer assistir. Uma vez fui no cinema e passou o trailer daquele filme do Richard Gere e do cachorro lá, chorei tanto que nem consegui assistir o filme que fui assistir. Quando era criança e assistia tudo na sessão da tarde, vi A grande jornada e traumatizei pro resto da existência. Tudo isso pra dizer que, quando mataram a Lady no segundo episódio, eu revoltei. Mas revoltei DEMAIS. Eu chorei, xinguei, ofendi todos os familiares de todos os envolvidos naquela cena e parei de assistir, óbvio. Eu fiquei INDIGNADA.
Depois de um tempo, quando tava 0,5% mais calma, decidi dar uma chance para o livro. Ai ai... o que você achou que ia acontecer, Mirane, minha filha? Ser menos pior? HAHAHAHAHA Gente... o ódio no meu coração... e aí aconteceu outra coisa, mas essa é a parte 2.
Eu fiquei transtornada e pela primeira vez na minha vida eu destruí o livro inteiro. Rasguei página por página e depois ainda usei os pedaços pra pintar um quadro que tenho pendurado na minha parede até hoje (quadro que gera muitas polêmicas, inclusive). MAS, veja bem, eu tinha destruído um livro. UM LIVRO. E aí, amigos, a coisa ficou feia. Vale lembrar que minha condição psiquiátrica/psicológica na época era péssima e não me fez nada bem destruir aquele livro, mas essa parte não entra nessa história.
Aí o tempo passou, eu decidi dar mais uma chance para os livros, e como sempre acontece, apaixonei nos personagens e resolvi tentar assistir a série de novo, pulando a parte da Lady, óbvio. Gostei mais ou menos, gostava mais dos livros, mesmo achando meio mal organizado na época (vou ler de novo agora, vamos ver... depois de Fire and Blood tenho um novo respeito pelo Martin), afinal meu ponto de referência é o Tolkien e né... vamos combinar! Mas aí as coisas estavam nesse pé: gostava dos livros, passava raiva com a série, passava raiva com idiota escrevendo merda, mas continuava... nunca foi uma das minhas obras preferidas (isso pode mudar com a releitura), mas eu gostava. E aí saiu o livro de contos do Martin que tinha o cavaleiro de Westeros. Aí acabou. Aegon Targaryen, 578 of his name. Apaixonei. Vocês já conhecem minha história com dragões devido a posts recentes... e nem tinha dragão nesse conto, mas só de ter um Targaryen... ai ai.
Ah tá, vale lembrar também que eu li um capítulo do primeiro livro e já sabia que o Rhaegar tinha casado com a Lyanna. Sem comentários. Óbvio do óbvio do óbvio. Vocês tinham que me ver assistindo a cena na série (lembrando que, eu acho, no livro ainda não foi revelado isso, mas, gente, por favor... é só ler a caracterização do personagem, nunca que o Rhaegar era como o Robert descrevia). Enfim... (*cantando* eu me apaixonei pelo Targaryen errado, ninguém sabe o quanto eu estou sofrendo, sempre que eu leio o Guerra dos Tronos, morro de saudade estou enlouquecendo).
O ponto é que um Targaryen tem que fazer muita, mas MUITA merda pra eu começar a considerar a possibilidade de não gostar dele. Se eu tiver que citar um Targaryen que eu odeio... hmm... sei lá... Aerys, talvez? Mas eu até entendo o impulso de querer por fogo em todo mundo... Maegor? Não sei... Mas é isso.
Aí a série foi se desenrolando e decepção depois de decepção. Continuei assistindo só de raiva. Pra mim tem, no máximo, umas 20 cenas nas oito temporadas que salva. O resto é lixo. O desrespeito com a Daenerys???? Não me conformo. Peguei birrinha da obra, dos livros, da série, tudo. E ainda pra ajudar esse véio trambiqueiro do Martin não publica o sexto livro. Quando saiu Fire and Blood eu comprei por obrigação, mas não li até esse ano.
Acho que ano passado ou esse ano comecei a ouvir falar da série House of the Dragon, mas nem planejava assistir. No entanto, as coisas foram se ajeitando para me levar a ver a série. Primeiro vi que tinha a Olivia Cooke e o Matt Smith. Depois queria fazer pirracinha pra Amazon. E aí assisti o primeiro episódio. DRAGÕES!! Rhaenyra!!! Alicent!! Viserys!!! DRAGÕES!!! Hightower!! VHAGAR!!! Enfim... o resto é história. Comecei a ler o livro no mesmo dia, chorei feito uma condenada, provavelmente vou ter dificuldade pra assistir as próximas temporadas e agora vou começar GOT (livros) tudo de novo. Sinceramente, Fire and Blood me fez mudar muito de opinião sobre o Martin. Vamos ver como vai ser essa releitura.
PARTE 2
Gente, essa parte é tangencialmente relacionada a anterior. Veja bem, tava lendo sobre aquele negócio lá da série 1899 ser plágio de uma artista brasileira e, independente da minha opinião sobre o assunto (que não interessa porque tenho 0 autoridade pra falar, ainda não vi a série e não conheço a HQ), lendo os comentários da thread, percebi o quanto esse é um assunto complicado.
Primeiro que, vamos combinar, tudo já foi dito, tudo já foi feito, nada é novo. Segundo que, vendo algumas pessoas comentarem "ai, não tem nada a ver uma coisa com a outra", me deixa triste porque se a cópia não é feita super explicitamente, dificilmente se consegue convencer alguém. É muito difícil quando você lê/vê algo que vc fez na obra de outra pessoa, tem certeza que é cópia, mas não tem como provar. É horrível. Comentei sobre isso recentemente, mas academicamente, não quanto a produção criativa/artística que, pra mim, faz a coisa ficar muito mais complicada. É completamente impossível que duas pessoas tenham a mesma ideia simultaneamente? Não. Mas é difícil. Geralmente alguém pensou ou fez antes do outro. Mas considerando que bebemos das mesmas fontes, claro que podemos vomitar a mesma água com o nosso suco gástrico particular. E eu fiquei pensando isso porque em 2005 eu comecei a escrever uma história (inclusive, algumas pessoas - Fer - acham ela melhor que a da Demi). Na época esse era o único livro que eu tava trabalhando. Pra vocês terem uma ideia, a história da Demi era pra ser um capítulo daquela história e depois decidi fazer um livro separado. Aquela história está pronta na minha cabeça desde 2005. Eu tenho ela acabada, só falta escrever. E eu amava demais escrever ela, pensar nela... deve ter umas 100, 150 páginas escritas.
Em 2010 eu inscrevi essas páginas em um concurso literário da Petrobrás e cheguei na final!!! E aí algumas coisas aconteceram. Primeiro, eu perdi umas 50 páginas (não as do concurso). Simplesmente desapareceu do computador. Eu tava escrevendo todo dia porque tava muito animada de ter chegado numa final importante e em uns três dias escrevi essas 50 páginas. E sumiu. Eu lembro a história dessas 50 páginas, mas eu nunca me recuperei de ter perdido um terço daquele texto assim. Quem escreve sabe que, no fim, a história não é tão importante quanto o modo que você conta. E eu perdi 50 páginas escritas. Foi devastador.
A segunda coisa que aconteceu foi: eu li Game of Thrones. *insira emoji de palhaço aqui*
Gente, eu ia lendo GOT e eu não conseguia acreditar. As casas, os nomes, os mapas... eu juro que quando comecei, em 2005, eu nem tinha começado a faculdade ainda. Eu não estudava fantasia, eu mal sabia o que era fantasia como gênero, eu nunca tinha ouvido falar de GOT na vida. E, meus amigos, a semelhança... quando comecei GOT em 2010/2011, eu não conseguia acreditar. Juro. As casas mais importantes da minha história e do Martin? As mesmas. Os mesmos bichos. A casa principal? Não, nem era dragão, não, imagina. O nome da protagonista do passado que dá origem a toda a merda narrada? Lyanna. Assim. Desse jeitinho. Na hora eu pensei "isso é um sinal pra eu parar de escrever essa história". E eu parei. Sério, vamos supor que eu tivesse ganhado aquele concurso da Petrobrás e terminado o livro e publicado... vocês tem noção do quanto TODO O UNIVERSO iria achar que eu plagiei o Martin? Tipo, os livros dele são da década de 90. Quem iria acreditar na troxona que começou escrever uns 10 anos depois dele ser publicado? Gente, eu não consigo parar de pensar na vergonha que eu passaria e no tanto que ninguém, nunca, iria acreditar em mim. "Ah não, você estuda fantasia e não conhece Game of Thrones??? ATA. E coincidentemente publica essa história no ano que sai a série? AHAM!!! Sim, todos nós acreditamos em você, desconhecida copiadora".
E tudo isso pra voltar naquilo que falei: tanto eu quanto o Martin somos fãs de Tolkien e de histórias fantasiosas em geral. É possível que a gente desenvolva uma narrativa que, vinda das mesmas inspirações, sejam parecidas. Mas como disse, ele pensou e escreveu muito antes de eu começar a pensar a minha história. Eu tenho como provar que não plagiei ele? Não. Mas considerando meu nível de obssessão com as coisas é bem difícil eu ter lido algo que gostei tanto a ponto de me inspirar e não ter um registro disso. Gente, sério. Eu sei qual é o meu filme preferido no dia 03/04/1997. Diários e cadernos e agora redes sociais. Minhas loucuras são documentadas.
Pra fechar o assunto, entra outra questão interessante. O Fernando, por exemplo, não consegue achar tanta semelhança assim entre minha primeira história e GOT. Mas pra mim eu tenho muito claro que qualquer pessoa que lesse ia pensar na hora "copiou GOT". A história não tem nada a ver uma com outra, mas os detalhes... é inacreditável. Muita gente comentando o caso da menina lá falando que não tem relação nenhuma a HQ e a série, mas, olha... pra quem produziu a obra, você consegue ver além da história, sabe? Eu super entendo a moça identificar coisas da obra dela na série que os outros não enxergam e também entendo quem tá falando de outras obras anteriores a ambas que também são semelhantes. E isso é só pra mostrar a loucura que é isso de ter ideias parecidas e não ser necessariamente plágio, mas ao mesmo tempo sempre desconfiar das grandes corporações que se apropriam de obras de artistas alternativos.
E esse foi o caso de como eu abandonei meu primeiro livro porque achei que todo mundo ia achar que eu tava copiando o Martin.
Até parece... se eu fosse copiar alguma coisa copiaria do mestre de tudo, né! Piada.
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