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sábado, 11 de junho de 2011

Aquilo que você não pode me tirar

Acabei de assistir Miss Potter. O que me fez pensar em várias coisas.
Primeiro. É um orgulho enorme saber que faço parte desse tipo especial de pessoas com uma imaginação fora de controle que se diverte criando as mais absurdas histórias. Seja pro bem ou pro mal, faço isso o tempo todo. Posso não me tornar uma grande escritora, mas pelo menos eu tenho esse dom de criar alguma coisa que, embora baseada em toda experiência e reflexão, está além disso.
Não se trata aqui de ser ou não um escritor bem sucedido. Trata-se de conseguir criar.
Não, essa não é uma desculpa antecipada para meu futuro fracasso como escritora.
Embora eu adoraria que as pessoas conhecessem as histórias que eu invento (e são muitas), eu não escrevi nem a metade e eu sou uma péssima contadora delas. Se bem que a Ludmila adora. Mas o fato é que, ainda que ninguém leia ou conheça essas histórias, eu conheço. Elas me fizeram companhia, me trouxeram esperança, em várias ocasiões. Meus personagens são meus amigos e estão comigo quando todos os outros parecem me abandonar.
Prestem bastante atenção, pois não é sempre que vocês encontrarão um post em que eu esteja falando algo bom de mim e, óbvio, tudo depende do meu humor.
O fato de inventar histórias o tempo todo (e com isso quero dizer exatamente O TEMPO TODO - vocês não fazem ideia de como elas ficam borbulhando na minha cabeça) já foi encarado por mim como algo muito ruim. Ainda é, às vezes, quando eu acredito que acabei me iludindo demais a partir das coisas que criei. É algo que pode acontecer. Comigo quase sempre, mas quando não se tem nada acho que vale a pena um pouco de sofrimento por alguns segundos de pura alegria desinteressada (que consigo com o futebol também, às vezes).
O fato é que quando alguém me perguntar se tem alguma coisa que eu me orgulho em relação a minha insuportável pessoa, eu devo me lembrar disso: eu invento coisas. Eu invento histórias e mundos e animais e pessoas.
Na verdade tem mais algumas coisas de que me orgulho em mim e que acho que vale a pena comentar.
Para começar, meu amor e dedicação pelas coisas que eu amo. Sim, sou extremamente exagerada às vezes, mas eu sou assim. Se não se pode derrotá-los, junte-se a eles. Façamos disso algo bom.
E também tem uma coisa que, assim como o fato de inventar histórias, eu já encarei como algo ruim: minha ingenuidade frente a algumas coisas, que algumas pessoas poderiam chamar de "ignorância" ou simplesmente adotar a palavra 'ingenuidade' em um sentido ruim.
Por exemplo: cinema e literatura.
Sim, tenho uma formação que "me obriga" a "desmontar" as obras literárias e analisá-las. Sempre se ouve por aí dos estudantes de Letras que eles nunca mais conseguiram ler um livro do mesmo jeito que antes de entrar na faculdade.
Deus abençoe minha ignorância!
Não mudou nada para mim. Nadinha. Mal consigo analisar uma obra quando sou obrigada e se tal obra é alguma que eu gosto, choro desesperadamente dizendo que pouco me importa se o narrador é em terceira ou primeira pessoa desde que o Anel seja destruído.
É isso que deve importar! Sempre. Não importa qual a sua formação.
Deus sabe o esforço que ando fazendo para aceitar opiniões que considero absurdas mas que ainda assim existem. E se você usa bons argumentos, ainda que eu não concorde, vou respeitar sua opinião. Como por exemplo Benjamin e toda a sua visão sobre a crítica de arte. Não concordo absolutamente com nada, mas respeito e admiro sua teoria. Se eu achasse que a crítica deveria existir certamente seria a crítica como vista por ele.
Mas eu não acho.
Óbvio que minha opinião não vale e não muda nada no mundo e chega a ser engraçada já que é o que eu ando fazendo para sobreviver. Mas eu sempre enxerguei o que eu faço como algo além disso. Infelizmente tenho que dançar conforme a música.
Claro que poderia me rebelar, mas não tenho forças para isso. Não desse jeito. E uma existência um pouco contraditória pode fazer bem à saúde.
A questão é que, pra mim, a literatura (e a arte como um todo) existe para que as pessoas se divirtam, se deleitem, chorem, se identifiquem, sorriam e até reflitam sobre, mas não como um instrumento criado para isso. Não podemos achar que a intenção do autor era criar uma metáfora para significar a decadência do mundo, mas que aquilo foi um jeito de tornar a história mais interessante. Só isso, o que já é demais.
É isso o que eu penso quando estou criando: "Como eu poderia fazer a história ficar mais interessante?" Eu sei que como ser no mundo estou sujeita a todas as influências da época, do modo econômico e blá blá blá... mas ninguém nunca vai conseguir impedir as pessoas de criar histórias só pelo simples prazer de criar histórias, pouco ligando para o fato da "crítica especializada" gostar ou não, aceitar como arte ou não.
Eu como criadora de histórias tenho como objetivo alcançar a graça de meus leitores. Que eles leiam ou ouçam minha histórias e gostem ou não, não tenho com objetivo ser bem vista na academia ou agradar os críticos.
E na minha opinião todos os criadores de história, que podem ou não se tornar escritores, são assim.
Não podemos fugir do que nos é imposto, mas também não somos obrigados a aceitar as coisas exatamente como elas são. Podemos nos adaptar e adaptar as coisas. Quem sabe assim não se cria um meio termo para tornar uma existência miserável talvez em uma vida suportável.

P. S. O mesmo vale pro cinema e, embora eu ache um encanto os procedimentos cinematográficos, fico muito feliz em assistir um filme e dizer simplesmente se gostei ou não e pensar somente se devo indicá-lo ou esquece-lo ou se devo assisti-lo novamente ou não. Independente de meus conhecimentos, esse é o máximo prazer que a sétima arte pode me proporcionar e sinto em informar que tenho pena de quem perdeu essa "ignorância". Ou ingenuidade se você preferir.

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