Venho pensando nesse post por séculos e agora que vim aqui escrever não tenho a mínima idéia de como começar. Já tentei escrever antes sobre essas coisas, mas nunca dá certo. Mas vamos tentar, né. Escrever (deve) faz(er) bem.
Minha vida é uma merda. Muito merda. E a maioria das pessoas acham que sou ingrata ou pessimista, mas, com licença, o que você sabe da minha vida pra dizer isso?
Façamos uma analogia que talvez, quem sabe, possa esclarecer um pouco as coisas:
Imagine uma pessoa jogada num deserto enorme, um deserto sem fim. Essa pessoa está lá jogada, sozinha, sem roupa, sem comida, toda queimada e machucada, praticamente morta. Sua comida acabou há vinte dias e ela só tem mais 50 ml de água. Aí aparece alguém e lhe dá 4 litros de água. Quando essa água está quase acabando, aparece mais uma pessoa e lhe dá mais 2 litros de água e meio pedaço de pão. Mais uma vez, quando essa água está acabando aparece mais uma pessoa e dá a esse ser mais 4 litros de água e um pão. O ser do deserto não quer mais nada, só quer morrer e embora algumas pessoas tenham lhe dado alguns litros de água e um pão e meio, ninguém lhe ajudou de verdade. Ela continua jogada no deserto, sofrendo, toda machucada e sozinha. Óbvio que as pessoas lhe dizem "Mas você não consegue ver o lado bom? E se ninguém tivesse dado água ou meio pão a você? Não seria pior?" Claro que seria! Mas isso não muda o fato dessa pessoa continuar jogada sozinha num deserto sem fim. Ela tem direito de reclamar da sua existência miserável. Claro que vocês entenderam o que eu quis dizer.
Uma coisa que as pessoas tem que aprender é que por mais bonita que pareça a vida de uma pessoa, não tem como saber se ela está realmente bem. Mesmo eu, por exemplo. Às vezes penso que seria uma maravilha ser como algumas pessoas que tem seus pais, uma família, ou uma pessoa que pode comprar os livros que quiser e os filmes que quiser e viajar para onde quiser, mas no fundo, eu também não sei como a vida dessa pessoa realmente é. Eu não tenho como saber. Meu julgamento é externo. Então, por favor, parem de me encher. Vocês não tem a mínima idéia da existência miserável que eu levo, por mais "bonita" que minha vida pareça ser. Ninguém sabe o quanto é ruim querer morrer a cada respiração. O quanto a vida parece vazia, sem sentido e sem propósito. Você pode ter a sua percepção disso, mas não a minha, então você não pode me julgar e eu posso reclamar o quanto quiser.
Algumas pessoas podem achar teatrinho demais o que to escrevendo, mas eu não ligo. Quem sabe assim haja algum propósito nas minhas reclamações: ser teatro pra alguém.
Minha vida inteira é uma agonia sem fim. E não só a minha. Não conheço uma pessoa que tenha se beneficiado com a minha existência. Comecemos do começo:
Minha mãe: eu fudi a vida dela! Ela era nova, provavelmente ia fazer um milhão de coisas, talvez nem fosse fazer tanta coisa errada quanto fez se não fosse por mim. Ela não amava o meu pai o suficiente pra casar e, no entanto, por minha causa, TEVE que casar. Separou pouquíssimo tempo depois e aí fudeu a vida do meu pai também, que a amava loucamente. Claro que ela tentou se livrar de mim antes de eu desgraçar a vida de todo mundo, mas nem deu hein... aí eu fui crescendo e fui atrapalhar outros ramos da família. Passei pela casa de todas a minhas tias, até acabar com os tios que me criaram. Atrapalhei-os infinitamente. Por 21 anos. Atrapalhei a Paula, a Dalva, todo mundo ligado àquela família. Atrapalhei minhas amigas e amigos por toda a minha vida. Fiz com que chorassem, com que se sentissem culpados. Atrapalhei meus animais de estimação. Atrapalhei meus namorados. Atrapalhei cada ser que existiu e que teve o azar de cruzar o meu caminho. Agora será que alguém pode me dizer por que tudo isso? Por que eu não posso simplesmente sumir e deixar todo mundo em paz?
Tudo vai ficar bem.
A mim você ainda não atrapalhou.
ResponderExcluirNa verdade só ajudou! E, por mais que você diga o contrário, não acredito que vá me atrapalhar, afinal eu aprendo com você a cada dia.
Pense nisso: Por mais que você tenha atrapalhado a vida de todos este tempo todo, quantos deles gostaram de ter você por perto?
E mais: Não se compare ao Um.
Um, que Um?
ResponderExcluirQuem é você?