O aniversário de dez anos do blog foi em dezembro e eu não consegui vir escrever alguma besteira de comemoração. E eu tenho um milhão de coisas pra escrever, mas hoje, eu vou falar de outra coisa, que na verdade não chega a ser outra, mas definitivamente não é o que você estava esperando.
Quem me acompanha há alguns anos sabe do meu amor por futebol e pelos meus dois times, Corinthians e Liverpool. Quanto ao Corinthians não tive muito o que reclamar nos últimos anos: Brasileirão, Libertadores, Mundial, Brasileirão, Brasileirão... sem contar os Paulistinhas e supercopas.
Mas aí tinha o Liverpool, o gigante esquecido, o maior campeão inglês, o inglês com mais Champions, um dos maiores clubes do mundo. O gigante que tentava resgatar as glórias das décadas de 70 e 80, que, pra mim, eram só histórias e lembranças. Passar tardes assistindo a final da Champions de 77, 78, 81 e até a de 2005, mais próxima, mais heroica, que dava uma certa esperança. Mas a realidade era bem difícil.
Tropeços após tropeços... vem Roy Hodgson, não acontece nada. Time horrível, Liverpool na segunda parte da tabela.
Aí vem o Rei: King Kenny. As coisas pareciam melhorar, boas contratações, título da Copa da Liga... mas no campeonato era sorte estar entre os oito primeiros. Na verdade esse era o objetivo: SER OITAVO. Isso me incomodava, mas era o que dava pra fazer, né. Aí perdemos a Copa da Inglaterra pro Chelsea e bye bye King Kenny!
A briga começou, pra mim, antes de eu olhar para aquela cara odiosa. COMO ASSIM a FSG achava que o caminho para melhora incluía o técnico do Swansea? Mas eu dei várias chances a ele, várias e ele só fodia o time. É claro que estou falando de Brendan Rodgers. O cara que colocava um time apático em campo e dizia ter sido "outstanding", o cara que teve a coragem de dizer (em um jogo que perdemos por 3-0, com todos os gols no primeiro tempo) que pelo menos a gente teve um "clean sheet" no segundo tempo. O cara que começava a temporada dizendo que o objetivo do time era se classificar para a Champions League e não conseguia.
Mas aí, um ano, ele conseguiu classificar o Liverpool pra Champions League. E o que ele fez? Poupava jogadores na Champions para jogar o campeonato, cujo objetivo era... se classificar pra Champions League.
Minhas memórias do facebook não me deixam esquecer toda a raiva, todo o ódio que eu sentia por esse traste. Nem vou mencionar as questões particulares e como ele se desfez de todos que significavam alguma coisa para o clube. Ele é treinador de time pequeno e o Liverpool NÃO É um time pequeno, independente da fase. Como diria nosso grande Shankly, e que se aplicava perfeitamente ao tempo que passamos com o Brendan Rodgers "Aim for the sky and you'll reach the ceiling. Aim for the ceiling and you'll stay on the floor." Era a gente, mirando o telhado e ficando no chão, num ciclo sem sentido e eu chorei e chorei porque eu achava que aquele era o fim. Estávamos condenados à mediocridade e viveríamos apenas de lembranças.
E então veio o Klopp. Chorei de novo, dessa vez de alegria. Um técnico de verdade, que entende o clube que ele está assumindo. E ah... como entende... Não falo isso porque ele já chegou mudando a mentalidade do clube ou porque levou a gente a duas finais logo de cara. Ele entende porque provavelmente o que ele falou primeiro foi "o objetivo é ganhar".
No campeonato? Ganhar.
Na Champions? Ganhar.
Nas Copas? Ganhar.
E foi assim que ele começou. Teve problemas, lógico, mas agora tudo tinha mudado. O objetivo não era ser "um dos" mas sim "O".
E nós fomos.
O campeão da Champions.
O campeão da Supercopa Europeia.
O campeão do Mundo.
E no campeonato? Que é, neste momento, o título mais importante para nós?
Líder. 16 pontos de vantagem. Com um jogo a menos.
Hoje, o Liverpool é, de novo, considerado o melhor time do mundo e não só porque a gente ganhou o Mundial. E estou vivendo isso. Eu não tenho palavras. Todas as vezes que o povinho da ESPN tem que dar mais uma boa notícia do Liverpool eu lembro da satisfação na cara deles de quando éramos uma piada na Inglaterra. Hoje, eles têm que engolir. O Liverpool voltou ao seu lugar de direito e tenho certeza de que não pretende sair tão cedo.
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